Como tornar-se um executivo bem-sucedido antes dos 30

Dicas de um CFO para construir uma carreira de sucesso


Não existe receita para o sucesso, mas é possível é aprender com quem chegou lá.

Carreira e Você entrevistou o executivo financeiro Rogério Menezes, que aos 29 anos tornou-se gerente sênior, aos 32 assumiu sua primeira diretoria, e aos 35 anos tornou-se diretor estatutário e ele dá valiosas dicas para os profissionais que ambicionam ocupar posições de liderança na carreira ainda jovens. 

Rogério é o Diretor Financeiro e Diretor Estatutário da AkzoNobel Pulp & Performance Chemicals no Brasil e está nessa posição há cerca de 10 anos. Com a AkzoNobel, visitou inúmeros países como Uruguai, Argentina, Paraguai e trabalha mais constantemente ligado ao time de negócios e de finanças na Suécia, Holanda e Estados Unidos. Anteriormente ele trabalhou na Rhodia no Brasil e América Latina por 14 anos, tendo atuado como Diretor Financeiro no México por 2 anos e em projetos na França. Foi o Diretor mais jovem da história da companhia no Brasil, aos 32 anos.

Graduado em Ciências Contábeis pela Universidade de São Paulo (FEA-USP), possui pós-graduações em Administração de Empresas e Gestão de Pessoas e participou de diversos cursos de curta duração pela Universidade Corporativa da AkzoNobel na Holanda, Suécia e Estados Unidos. Domina perfeitamente o inglês, o francês e o espanhol.

Além de sua carreira executiva, Rogério atua como professor-convidado do Finance Academy da AkzoNobel, é membro do Advisory Board do CFO Fórum São Paulo e é Diretor Vogal no IBEF-SP (Instituto Brasileiro de Executivos Financeiros).

Paulistano, Rogério está casado com a Stela há 18 anos e é o pai da Stephanie, de 5 anos. 

Carreira e Você: Você assumiu sua primeira diretoria ainda muito jovem. Como conseguiu esta rápida ascensão?
Rogério Menezes: Não há uma fórmula pronta, portanto é sempre difícil explicar tal ascensão, sobretudo em um mundo industrial e de estruturas organizacionais mais clássicas. Posso resumir tudo como sendo uma combinação de várias ações de comportamento - foco, orientação a resultado, capacidade de execução, trabalho em equipe 360 graus - com algumas oportunidades que me foram dadas. Tudo isso dosado com uma boa capacidade de relações humanas, um pouco de inteligência, rigor, adaptação ao ambiente onde estava, curiosidade, vontade de aprender e o respeito contínuo aos mais experientes e ao que eles faziam e como fizeram para chegar lá. Parece simples tudo isso e, na verdade, é! Posso dizer, com base na minha experiência por aí, que o profissional corporativo tende a complicar demais a vida profissional. Ser simples e trabalhar focado e com intensidade encurtam caminhos!


CV:Quais foram os principais desafios para seu crescimento profissional e como você os superou?

RM: Tive vários desafios em minha vida profissional e ainda os tenho até os dias de hoje. Posso aqui citar alguns dos grandes desafios que encarei e como os superei, mas novamente eu ressalto que a solução para a equação corporativa varia de caso a caso, de empresa para empresa, de contexto para contexto. Enfrentei inicialmente a barreira do preconceito por não ser engenheiro de formação e querer atuar na indústria e nos negócios e posso dizer que superei esse "gap de formação" com muita vontade de aprender, perguntando o quê às vezes era óbvio para alguns, mas que para mim era algo novo e importante, estudando o assunto em casa e à noite, tentando compreender uma situação por todos os ângulos (comercial / mercado, financeiro / contabilidade / custos, operações / manufatura). Enfrentei também a barreira do idioma ao sair do país em várias ocasiões e não havia outra alternativa a não ser estudar, ler e ter vontade de aprender usando técnicas das mais absurdas possíveis mas que para mim funcionavam muito bem (uma delas era assistir a algumas peças de teatro amador na França somente para testar o meu nível de francês, neste caso, eu assumia que se eu entendesse mais que 70% da peça teatral, o meu nível no idioma estava bom. Outra que me recordo era jogar futebol com os colegas de trabalho no México. Logo em seguida eu me associei a um clube esportivo por lá com o principal objetivo de socializar e aprender o vocabulário fora do mundo corporativo). Outro desafio que enfrentei foi ter ocupado cadeiras importantes ainda muito jovem e ter que tomar decisões difíceis e fazer apresentações importantes para boards. Neste caso eu buscava informação adicional com os colegas de outras áreas, subordinados, chefes, enfim eu tentava coletar o máximo possível sobre o tema de forma a diminuir as chances de insucesso ou erros nas minhas decisões e apresentações. Eu sempre me preparava de maneira a me antecipar aos fatos. Eu imaginava as perguntas que poderiam ser feitas e eu já tratava de ter as respostas na ponta da língua antes de um evento ou de uma reunião. Planejamento é um fator importante na curva de crescimento profissional. Posso comentar aqui que trabalhei na maioria das vezes na base do "lógico-racional", mas usei algo de feeling também.


CV: Como suas experiências profissionais fora do Brasil te ajudaram no seu desenvolvimento?

RM: Trabalhar fora nos faz crescer mentalmente, espiritualmente, nos ajuda muito nas relações humanas, nos deixa mais humildes, nos obriga a termos um senso de adaptação, pois estamos fora de nossa zona de conforto. Só depois que eu digo que esta experiência nos ajuda no desenvolvimento profissional. E digo isso simplesmente porque eu entendo que o desenvolvimento profissional é a consequência de nosso desenvolvimento como ser humano. A adaptação às novas culturas, a compreensão de como o pessoal lá fora tende a julgar e compreender um contexto de negócio, as exposições que tive para fazer apresentações internas e/ou externas, a capacidade de comunicação em outro idioma, tudo isso foram experiências que eu efetivamente enfrentei e o aprendizado delas eu carrego até hoje. Ter trabalhado em diferentes países, daqueles mais desenvolvidos até aqueles mais pobres, me fez olhar para o mundo de outra forma, me vez ver o quanto somos diferentes. Mas, por incrível que pareça, somos tão diferentes porém tão iguais, ao menos no mundo corporativo. Então, faz-se uma adaptação aqui e ali, faz-se o simples (eu sempre uso lá fora a expressão let's get back to the basics, ou vamos começar pelo básico, para compreender a essência principal do assunto em questão) com foco, intensidade e pronto! O seu desenvolvimento começa a partir do momento que você começa a entender como estas partes se inter-relacionam!


CV: Qual o papel do networking no seu desenvolvimento de carreira? 

RM: Ter o networking subdesenvolvido é uma das grandes fraquezas do executivo moderno. Poucos entendem o que isso quer dizer na sua essência. Hoje eu posso dizer que o networking é parte integrante do meu dia-a-dia. Como todos, também aprendi sobre isso, não nasci sabendo. Mas sempre tive uma predisposição para manter os meus contatos e relacionamentos desde meus primeiros passos profissionais, sempre mantive contato e atualizava as notícias conforme o passar do tempo. Eu já fazia o desenvolvimento do networking de forma natural e nem sabia que estava fazendo isso. O meu desenvolvimento de carreira nos últimos anos possui uma grande alavanca que foi justamente o desenvolvimento do networking. No passado recente, tomei a sábia decisão de conhecer e me expor mais ao mercado através de participação em palestras, conferências, simpósios de finanças para CFOs,  enfim eu queria aprender mais. Ingressei em dois institutos renomados de profissionais de Finanças (o IBEF, Instituto Brasileiro de Executivos Financeiros, em São Paulo e o CFO Fórum do Grupo Latin Trade, composto de profissionais de mídia econômica de Miami e que promovem ações entre CFOs do Brasil e da América Latina). Eis que, com tudo isso, conheci inúmeras pessoas, fui envolvido em vários temas, tive a chance de pegar o microfone por várias vezes e pude expressar a minha opinião sobre determinado assunto. A credibilidade é muito importante nestas horas, bem como a experiência e saber bem sobre o quê está falando. A consequência de tais ações foi que ganhei mais exposição ainda, passei a ser convidado para palestras mas agora na qualidade de palestrante, tive a chance de proferir conferências no Brasil e até nos EUA, tenho saído regularmente na mídia escrita especializada, tanto no Brasil quanto no exterior. Nada disso teria acontecido sem networking. A dica que eu dou aqui é simples: façam contato com as pessoas, mantenham as relações humanas sempre ativas, conversem, façam os famosos happy hours com amigos de outras empresas, falem sobre o mercado, sobre posições em aberto, sobre a economia e o principal: ajudem aos outros e não cobrem nada em troca. O princípio básico do desenvolvimento do networking é ter o contato estreitado e ajudar para ser ajudado.


O poder do networking

CV: Qual conselho você daria para os jovens profissionais que ambicionam subir rapidamente os degraus corporativos?

RM: Paciência vem em primeiro lugar. Respeito e coerência com os seus valores pessoais vem em segundo lugar. Para subir rapidamente, não é necessário pisar ou passar por cima de ninguém. Quando a conquista é lícita, todos saberão reconhecer. Em terceiro lugar, seja realista sempre mas nunca deixe de cultivar seus sonhos. Em quarto lugar, seja diferente da média, faça algo à mais, algo que chame a atenção positivamente, enfim tenha o seu diferencial, tenha a sua "vantagem competitiva". Em quinto lugar, tenha postura estratégica (visão global) mas conquiste o respeito dos colegas mostrando que você também pode lidar com o tático-operacional. Em sexto lugar, tenha foco e saiba priorizar. Em sétimo lugar, saiba construir uma equipe. Recorde-se que ninguém vence sozinho. Você precisa de equipe e não se esqueça que a equipe precisa te reconhecer como um verdadeiro líder, portanto você nunca crescerá se for um líder por imposição ou um líder somente pelo título do seu cargo. Em oitavo lugar, portanto, saiba liderar, aprenda efetivamente os conceitos de liderança. Em nono, tenha e cultive os bons relacionamentos internos na sua empresa, tenha amigos na empresa. É isso mesmo o que você está lendo - amigos na empresa. Trabalhe com gente que você convidaria para frequentar a sua casa. Com isso, a equipe cria um elo de confiança e o poder de entrega será imensamente maior. Em décimo lugar, seja um "sábio corporativo", saiba muito sobre o seu negócio, compreenda o que cada departamento faz, entenda o inter-relacionamento entre as áreas, tenha poder de comunicação oral e escrito, saiba a hora de investigar mais, de trabalhar mais, de celebrar, de criticar, entregar, a hora de propor uma ação mais agressiva e a hora de propor uma ação mais soft e somente reformatada, saiba a hora de lutar por uma causa ou lutar pela equipe e saiba a hora de acatar ordens. Enfim, o "sábio corporativo" é aquele que tem e usa o "bom senso". Em décimo-primeiro lugar, planejamento. Em décimo-segundo lugar, aprenda a se comunicar, oral e escrito, apresentação powerpoint ou uma simples reunião, a comunicação efetiva é essencial nos tempos modernos. Pois bem, acho que sem querer eu lancei aqui "Os Doze Mandamentos da Carreira Executiva"... Sem nenhuma pretensão para tal, somente posso dizer que tais regras são simples e funcionaram muito bem comigo e com vários outros executivos que conheço. Se vocês gostaram e acham que tudo isso faz sentido, mãos à obra e tenham uma excelente sorte em suas carreiras!

CV: Gostou da entrevista do Rogério? Qual a sua estratégia para ter sucesso na carreira? Divida conosco sua experiências!

Dicas para manter sua empregabilidade 

Entrevista by Exec

6 comentários :

  1. Muito boa, Tive grande oportunidade e me faltou malicia ou perspectiva, um pouco de maturidade por ser ainda muito novo.
    Ele foi Bom, merece o reconhecimento.

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  2. Gostei dms ! Vai me ajudar bastante ����i

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  3. Muito bom o texto. Não sou executiva, mas dominar o vocabulário e jargões utilizados nesse meio tem me ajudado a crescer profissionalmente também. Ano passado fiz um curso de francês para executivos (que recomendo https://preply.com/pt/skype/professores-frances-para-negocios) e hoje em tenho uma boa posição numa empresa de consultoria que presta serviços para empresas francesas.

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  4. Essa entrevista é magnifica!! Digo sem titubear que é a melhor entrevista que já li, a forma como ele nos ensina a ser um executivo diferenciado é fascinante. E graças a ele estou acompanhando com mais frequência o blog

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  5. Amei ... Esse vídeo aqui é o melhor para aprender a ser um executivo!
    https://www.youtube.com/watch?v=KfR5YL7H0wU

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