Desafios e dicas para fazer uma mudança de carreira

É possível construir carreira numa área diferente da área de formação?


Carreira e Você entrevistou um profissional que teve muito sucesso efetuando esta mudança e ele nos conta os principais desafios que enfrentou no caminho e ainda dá dicas para quem quer mudar de área.

Formado em Direito entre os primeiros da turma na Universidade Federal do Rio de Janeiro, Victor Cavalcanti trocou a carreira jurídica por uma carreira em consultoria estratégica. Victor também é graduado em Relações Internacionais e tem pós-graduações em Gestão Tributária e em Administração e Gestão Empresarial na Fundação Getúlio Vargas, além de cursado MBA na University of Michigan.
Ainda na faculdade Victor estagiou na IBM na área de Tax&Intercompany e logo após se formar, foi trainee em consultoria tributária na KPMG. Após passar pela área de planejamento estratégico do Banco Votorantim, Victor ingressou no seu MBA nos EUA, e durante o MBA, ele fez projetos de consultoria em empresas como GE Healthcare nos EUA e CSN e foi summer intern*, na Booz&Company, empresa para a qual ele retornou após o MBA. Foi aí que ele consolidou sua transição para consultoria estratégica.

Carreira e Você: Quais foram os principais fatores que te levaram a prestar vestibular e concluir a graduação em Direito?
Victor Cavalcanti: Escolher que profissão seguir não foi uma tarefa simples. Cogitei fazer administração nos EUA, mas meus pais acharam que eu deveria estudar aqui no Brasil e fazer uma pós-graduação fora. Sempre me interessei pelas questões político-econômicas internacionais, foi aí que pensei em estudar Direito e me especializar em Direito Internacional, para, futuramente, prestar concurso do Itamaraty para seguir carreira diplomática. Entretanto, no primeiro período do curso de Direito, uma colega de turma que também estava cursando Relações Internacionais, me falou tão bem do curso que prestei vestibular novamente e no semestre seguinte estava cursando Direito pela manhã e Relações Internacionais (RI) à noite. Eu simplesmente adorava o curso de RI, achava as matérias superinteressantes, pois iam desde economia internacional, ciências políticas, comércio exterior até administração. E este curso complementava o quê eu estudava em Direito. Fiz alguns estágios durante a faculdade e no último trabalhei na área tributária de uma grande multinacional. Me interessei pela área tributária e antes de me formar fui aceito no programa de trainee em consultoria tributária na KPMG. E foi aí que as coisas começaram a mudar.

CV: Como foi sua decisão de abandonar o direito, uma carreira que tem grande status no Brasil? Você sofreu alguma pressão da família? 
VC: Durante meu trabalho como consultor tributário, tive oportunidade de prestar consultoria para grandes empresas nacionais e multinacionais. Entretanto, eu sempre tive curiosidade de entender muito além dos balanços fiscais e das declarações de imposto de renda. Eu queria conhecer mais a fundo as estratégias que as empresas usavam para aumentar seus lucros e se tornarem tão bem sucedidas no mercado em que atuavam. Neste momento, um headhunter me contactou para participar de um programa de liderança de uma das empresas do Grupo Votorantim. Sem ter muita clareza se iria ou não mudar de carreira, participei de todo o processo seletivo, que durou aproximadamente uns 5 meses, e ao conhecer os diretores na fase final de entrevistas, tive a certeza de que poderia aprender bastante com os desafios que eles estavam oferecendo. Minha família ficou um pouco reativa num primeiro momento, pois eles achavam que sair de uma das maiores empresas de consultoria tributária do mundo para me aventurar em algo totalmente incerto era muito arriscado, e eu havia acabado de ser promovido. Mas segui meu instinto aventureiro, aceitei a proposta e em pouco menos de um mês lá estava eu mudando do Rio de Janeiro para São Paulo. Hoje posso afirmar que foi uma das decisões mais acertadas que já tomei, pois a experiência que adquiri lá foi fundamental para meu crescimento pessoal e profissional, me possibilitando construir um sólido histórico profissional para ser aceito em um dos melhores MBAs dos EUA.
 
CV:Quais foram os principais desafios que você enfrentou para mudar de área?
VC: Para mudar é preciso ter coragem de explorar o novo e de enfrentar os muitos desafios  que irão surgir. Acredito que meu principal desafio foi provar minha capacidade em realizar algo que, a princípio, era completamente novo, em uma área na qual eu não tinha muita experiência. Depois, foi procurar reduzir os possíveis gaps de conhecimento que eu tinha em relação aos meus colegas. E para isso, logo que cheguei a São Paulo procurei uma pós-graduação em administração e gestão empresarial para nivelar meu conhecimento e poder desempenhar melhor minhas novas atividades.

CV: Você fez várias pós-graduações em áreas de administração. Elas te ajudaram a se consolidar no mercado?
VC: Com toda certeza. Como mencionei anteriormente a pós-graduação em administração que fiz logo que cheguei a São Paulo na FGV foi de fundamental importância para meu desenvolvimento profissional e para melhor desempenhar minhas novas funções no planejamento estratégico. Em seguida, meu MBA na University of Michigan foi muito marcante, pois consolidou minha transição de carreira e foi imprescindível para ingressar na carreira de consultoria estratégica. 

CV: Quais conselhos você daria para alguém que gostaria de construir uma carreira em uma área diferente da área de graduação?
VC: Força de vontade, perseverança e foco são alguns dos ingredientes que considero importantes para construir uma carreira em uma área diferente da área de graduação. Além disso, não se pode temer os muitos desafios que aparecerão. Algumas pessoas tentarão colocar à prova suas habilidades e sua capacidade de realizar atividades diferentes das da sua área de formação. Um conselho, nunca abaixe a cabeça, apenas faça seu trabalho bem feito e logo o seus esforços serão reconhecidos e recompensados. 

CV: Como podem ver pela entrevista do Victor, uma mudança de carreira nem sempre é fácil ou rápida, mas é possível se o profissional decidir investir nesse objetivo. E você? Já fez ou gostaria de fazer uma mudança de carreira? Compartilhe conosco suas experiências e suas dúvidas!

*Estágio que geralmente varia de 8 a 12 semanas entre o 1o e 2o ano do MBA. Após o estágio, algumas empresas fazem uma oferta de emprego para os profissionais que apresentaram melhor performance.


Entrevista by Exec

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