A supremacia da aparência no mercado de trabalho

Marketing pessoal é realmente valorizado no ambiente corporativo?


Na última semana, uma entrevista com Roberto Shinyashiki, publicada pela Istoé Independente (leia aqui), se tornou viral nas redes sociais. Entretanto, ao contrário do que acontece com a grande maioria dos virais, achei este realmente interessante, principalmente em se tratando da coragem do entrevistado em polemizar ao tratar de um tema bem típico do Brasil: a supremacia das aparências no ambiente profissional.

Não é novidade para ninguém que o nível educacional no Brasil não é dos melhores. Apesar de o acesso aos cursos superiores ter crescido significativamente nos últimos anos, tal fato não foi acompanhado pela melhora no nível educacional da população em geral. Genericamente falando, o tempo médio do brasileiro na escola cresceu, mas a qualidade intelectual do mesmo não necessariamente na mesma proporção.

Frustrações no ambiente de trabalho

Dessa maneira, as pessoas não chegam preparadas no ambiente de trabalho após a faculdade. O caminho natural seria se dedicar ao estudo e aliar teoria x prática para se aperfeiçoar na carreira. Entretanto, num país onde há grande mistura entre vida profissional e vida pessoal, o mais importante não é seu preparo técnico e suas habilidades de relacionamento profissional e sim o quão bem você desenvolve conexões no ambiente corporativo e quão bem você se vende para essas conexões.

O quê eu vejo acontecer frequentemente no ambiente corporativo é que as empresas e profissionais valorizam muito o marketing pessoal. Os profissionais se esforçam ao máximo nos primeiros meses de trabalho, alcançam determinado status e posteriormente, ao invés de continuarem se esforçando, eles direcionam os esforços para a divulgação do seu marketing pessoal. Fazer com que as pessoas acreditem que você seja uma pessoa diferenciada é o fator chave para sua carreira deslanchar.

E uma vez que você atingiu esse status, é quase impossível você perdê-lo (a não ser que você faça uma m... muito grande no meio do caminho). Recentemente, Eike Batista, que arrecadou milhões para suas empresas sem sequer demostrar a viabilidade delas, demonstrou ser uma exceção. Mas temos diversos exemplos por aí que ilustram bem essa observação, principalmente no mundo das celebridades (e subcelebridades).

Conheci diversas pessoas nos meus trabalhos anteriores que eram vistas no escritório como verdadeiros modelos a serem seguidos. Entretanto, tais profissionais estavam longe, muito longe, de serem aquilo que todos acreditavam que os mesmos fossem. E o pior é que até estes profissionais acreditavam ser mesmo “a última bolacha do pacote”. Alguns, inclusive, mudaram de carreira obtendo ofertas de trabalho com salários muito superiores aos que recebiam. Outros, acabaram tropeçando e perderam o status de “estrela” frente aos chefes. Mas ainda existem aqueles que, nem mesmo tropeçando e tomando algumas atitudes questionáveis, conseguiram fazer com que os chefes perdessem a credibilidade e deixassem de apostar neles.

E com isso, a meritocracia que deveria premiar competência e performance, acaba premiando também habilidades para auto-promoção. No curto prazo, talvez, esse comportamento não seja tão prejudicial. Mas entretanto, acredito que no longo prazo isso poderá ser muito prejudicial para o mercado corporativo e até mesmo para a sanidade das empresas em si. 

Mas até quando o marketing pessoal vai se sobressair à competência profissional? Eu particularmente não sei a resposta para essa pergunta. Entretanto, como não sou bobo, desenvolver o marketing pessoal é uma das habilidades que venho tentando aprender para sobreviver nessa selva que é o mercado de trabalho brasileiro (mesmo sendo contra a minha vontade).

E você, já visualizou esse tipo de comportamento no seu trabalho? Até que ponto você se considera um “marketeiro”?

Conte-nos o seu ponto de vista!

By Boss

3 comentários :

  1. Realmente é complicadíssimo essa realidade no mercado de trabalho. Você percebe que pessoas bem competentes não são promovidas porque não tem um marketing pessoal impecável, enquanto outras que só tem aparência saem na frente, na última empresa que trabalhei acompanhei essa situação. Muito triste, percebo que esse é um dos motivos que as vezes faz com que as pessoas acabem mudando de empresa na esperança de que isso mude, mas a mudança nem sei se virá!

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    1. Olá,

      Obrigado pelo comentário! Infelizmente o mercado muitas vezes acaba premiando os 'marketeiros' ao invés dos competentes. Para mudar este cenário, só mudando a mentalidade dos líderes que devem entender que valorizando os funcionários mais competentes, eles têm grandes chances de melhorar os resultados do seu time e consequentemente potencializar seu próprio desenvolvimento profissional.
      Continuem acompanhando o Carreira e Você nas redes sociais e participando das discussões!

      Abraços,

      Carreira e Você

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  2. Ainda bem que isso só acontece no Brasil ... tô fora vou embora pra pasárgada!!!

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