Você teria coragem de fazer uma mudança radical de carreira?

A experiência de um profissional que teve coragem de arriscar e foi bem-sucedido


Você trocaria a medicina por uma carreira corporativa? Carreira e Você entrevistou o médico Silvio Junqueira que trocou consultórios e corredores de hospital por um escritório e conta como foi esta mudança. (Veja nosso post sobre mudança de carreira)

Graduado em medicina, Silvio é pós graduado em Administração Hospitalar e Sistemas de Saúde pela FGV- EASP e médico residente em Medicina Preventiva e Administração em Saúde pela USP além de ter um  MBA pelo HEC em Paris. Durante sua vida profissional, atuou no desenvolvimentos de negócios na consultoria GESA em Angola, tendo atuado em diversos projetos para o Ministério da Saúde local e 
assistente do diretor executivo do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP) sendo responsável por toda área cirúrgica do hospital. Atualmente é gerente de uma multinacional na área de equipamentos médicos, tendo atuado no México e Brasil.

Carreira e Você: Em que momento da sua carreira você decidiu mudar da área assistencial para a área administrativa na saúde? Como você tomou esta decisão?
Silvio Junqueira: Bom, foi um processo bem longo. Posso dizer que entrei muito novo em Medicina (17 anos) e fui descobrir minhas aptidões ao longo do curso. A medicina é apaixonante e linda, porém se você não estiver disposto a vivê-la cada segundo da sua vida, você será um médico medíocre. Durante o período da faculdade muitas das atribuições administrativas do meu grupo “sobravam” em mim, uma vez que meus amigos não tinham o menor interesse. Desta forma surgiu meu interesse pela administração. Eu coloquei em prática quando me formei, pois me voluntariei a ser médico do exército e como trabalhava meio período somente, aproveitei a noite para fazer a famosa pós-graduação de administração hospitalar na FGV–SP. Neste momento eu me encontrei. Deixei minha residência de pediatria que estava trancada em virtude do exército, prestei administração hospitalar, entrei e fiz os dois anos de residência no Hospital das Clínicas de São Paulo.

CV: A carreira de medicina no Brasil trás muito prestígio e altos retornos financeiros. Que tipo de resistências você enfrentou (família, colegas, mercado) quando decidiu mudar de área?
S.J.: Acho que meu pai não aceita bem esta minha mudança até hoje (risos). Já os colegas, todos me apoiaram. A profissão de médico está passando um momento difícil. Hoje temos uma desvalorização do bom profissional. Vejo os programas do governo trazendo médicos cubanos sem nenhum preparo para substituir os nossos médicos, uma vez que os cubanos são mão-de-obra barata. Meus colegas de profissão sentem na pele o despreparo de muitos gestores de saúde, e assim não podem realizar seu trabalho. Desta maneira, ao verem que decidi me profissionalizar na área eles entenderam que poderia ser algo bom para o mercado.

CV: Como o mercado te recebeu e que tipos de desafios você teve para se desenvolver na carreira corporativa?
S.J.:No princípio eu estava restrito a hospitais e convênios médicos. A própria indústria tem certo preconceito para com o médico com formação administrativa. Eu optei por fazer um MBA no exterior para conseguir entrar na indústria. Tenho que provar que entendo de negócio tanto quanto os administradores de empresa. Sinceramente não sei o porquê desta barreira, já que quando fui fazer um MBA no exterior, vi que administração é infinitamente mais fácil que medicina. De qualquer maneira hoje estou feliz com o meu trabalho.

CV:Mesmo tendo deixado a área assistencial, você construiu sua carreira na área de saúde. É seu único interesse, ou você gostaria de atuar em outras áreas também?
S.J.: Eu não diria que é meu único interesse, mas estou envolvido com saúde há 16 anos. Acho que agrego muito mais valor ao setor de saúde do que agregaria em uma empresa de tecnologia por exemplo. Tenho muito orgulho das minhas raízes médicas e fico feliz quando trabalho para auxiliar na saúde da população, mesmo que seja de maneira não assistencial. Sinceramente não me vejo trabalhando em outro setor, acho que a medicina e a saúde são parte de mim e não conseguiria abandonar. Ficaria surpreso se um dia estivesse em algum outro setor, mas nunca digo nunca...

CV:Você passou muito tempo fora do Brasil trabalhando e estudando. Estas experiências internacionais te ajudaram a se consolidar no mercado Brasileiro?
S.J.: Realmente foram seis anos fora, além de um período fora durante a faculdade de medicina. Não acho que minhas experiências serviram para me consolidar no mercado brasileiro. Sou convicto que meu sucesso  no Brasil depende do que eu já havia aprendido por aqui. Eu acredito que minhas experiências no exterior (EUA, Angola, França e México) serviram muito mais para o meu desenvolvimento pessoal. A forma de encarar os desafios, a ótica pela qual vejo minha vida hoje são todas derivadas destas experiências. Viver fora te abre a cabeça para várias coisas. Posso afirmar que o meu maior ganho é saber traduzir as oportunidades, desafios e barreiras locais para as equipes globais com que trabalho hoje em dia. Saber como um estrangeiro pensa facilita neste momento e pode fazer com que seu trabalho seja melhor compreendido e assim gera maior chance de sucesso.

CV: E você, teria a coragem do Silvio? Já fez ou gostaria de fazer uma mudança radical de carreira? Compartilhe com nossos suas dúvidas e experiências!

Veja aqui outra entrevista sobre mudança de carreira.

Entrevista by Exec

3 comentários :

  1. Boaa noite, li a entrevista e me identifiquei muito. Apesar de não ser médica, sou enfermeira, mas descobri que adoro a parte administrativa, gestão e já estou me programando para ano que vem fazer justamente o MBA da FGV em gestão em saúde. Gostaria de saber como ele iniciou no mercado, como entrou e quais as possibilidades nessa área realmente existem?

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    1. Olá Tataiane,

      Como você pode ver na entrevista, não é uma transição fácil. O mais importante é se preparar para fazer a mudança de carreira enquanto pesquisa sobre oportunidades no mercado.

      Boa sorte nos seus novos desafios!

      Continue interagindo com o blog e contando suas experiências!

      Carreira e Você

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    2. Boa noite a todos eu passo pelos mesmos problemas sou médico militar formado na academia militar de medicina até 2013 voltei a Angola trabalhei 5 anos na periferia. Voltei para fazer a residência em cirurgia já no segundo anoas naoe revejo em cirurgia porque sempre sonhei ser um bom juiz e está difícil ter tomar rumo a este velho sonho gostava de concelhos.

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