Principais falhas cometidas pelos Headhunters
No meu último post, falei especificamente dos pontos positivos da introdução do serviço de Hunting no Brasil. Nesse post, vou citar alguns pontos negativos que enxergo como consequência dessa transição ocorrida nos últimos anos.
Primeiramente,
em qualquer indústria que apresente crescimento rápido, é quase
impossível que o nível dos empregados se mantenha alto. Com
trabalho a ser feito e clientes precisando ser atendidos, as
contratações precisam ser rápidas e nem sempre os melhores
candidatos são contratados. E não foi diferente com as
empresas de Hunting. Vários profissionais precisaram ser
contratados, alguns não se desenvolveram suficientemente e em
consequência, deixaram (e deixam) a desejar no atendimento a
candidatos e empresas.
Além
disso, o conceito do trabalho de headhunters introduziu a
estratificação do recrutamento por área de atuação. Sim, na
grande maioria dos casos eu acredito que isso faça sentido, mas em
alguns casos acho que alguns headhunters levam isso ao
extremo. Por
exemplo, há poucos dias vi o seguinte anúncio feito por um
headhunter através do LinkedIn: “Preciso de analista de
tesouraria com experiência em indústria de eletro-eletrônicos”.
Introdução do Hunting no mercado de trabalho brasileiro
Introdução do Hunting no mercado de trabalho brasileiro
Bom, obviamente, cada tipo de indústria e setor possui suas
particularidades e em alguns casos, realmente, faz sentido fazer
certas restrições – eu não contrataria um clínico geral para
uma posição de cardiologista – mas no caso acima, um analista de
tesouraria com experiência em indústria de mineração ou de
serviços de internet não poderia participar do processo seletivo
para essa vaga?
Também
vejo que muitos headhunters não acreditam que os profissionais podem
se adaptar e se desenvolver para novas situações e desafios
profissionais (o que deveria ser perceptível através da trajetória
profissional que todos nós contamos aos mesmos durante as
entrevistas). No caso acima, um bom profissional que exercesse
atividade semelhante em outra indústria provavelmente não foi
classificado para essa oportunidade. Mas será que esse profissional
não é capaz? Particularmente, acredito que é a capacidade do profissional em se
adaptar a novas situações que faz com que ele se diferencie. Mas
a impressão que tenho é que as empresas e alguns
headhunters querem profissionais "prontos" para fazer todas as
atividades, sem demandar nenhum período de adaptação, o
que eu acredito ser humanamente impossível (a não ser que
profissionais dos seus concorrentes sejam contratados, mas ainda assim acredito que irá ocorrer um mínimo período de adaptação).
Outra
situação curiosa que chama muito minha atenção é sobre o bombado
mercado de Oil & Gas. Obviamente, existem as posições
técnicas em que a experiência com Oil & Gas realmente
precisa ser comprovada, mas em outros casos, eu não concordo. Por
exemplo, tenho um amigo que é Administrador/Contador e por anos
trabalhou em auditoria externa em Big 4, sendo sua carreira pautada
no atendimento a clientes de indústria de Telecom. Ele aplicou para
uma vaga no departamento de controladoria de uma empresa de Oil &
Gas na cidade do Rio, suas qualificações se encaixavam com
a descrição do perfil do candidato procurado em todos os itens, com
exceção à experiência no setor de Oil & Gas.
Ele não foi considerado para a vaga pela headhunter. A mesma explicou que ele não poderia ser considerado para a posição já que ele
não havia auditado clientes de O&G. Meu amigo argumentou que,
assim como a indústria de O&G, a indústria de Telecom também
possuí inúmeras particularidades, especialmente relativas à
contabilização de algumas transações, mas que todas essas são
balizadas por pronunciamentos contábeis (tanto em Telecom quanto em O&G) e que com alguns dias de
estudo e trabalho ele estaria apto a exercer prontamente a função.
Mas, para mim, o ponto mais mais polêmico tem a ver com a questão salarial. Alguns
headhunters não consideram candidatos para vagas caso o
salário oferecido pelas empresas contratantes seja em torno de 30%
superior ao salário atual do candidato. Acredito que a decisão de quanto um
funcionário deve receber deve partir da empresa e não do
headhunter. Se o funcionário tinha habilidades e competências suficientes para ter um salário superior e por inúmeros motivos não
o tinha no seu antigo emprego, somente o futuro empregador deve julgar se o candidato deve ou não ser contratado com salário superior a 30% do seu antigo.
Portanto, amigos headhunters, não desconsiderem um candidato
somente por essa questão salarial!
By Boss
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